Famosa
no universo LGBT, essa turma é freqüentadora assídua das academias e das baladas, que nunca
têm hora para acabar

O
corpo sarado e o abdômen no estilo ‘tanquinho
rasgado’ são atributos obrigatórios para eles.
No jeito de se vestir, quanto mais justa for a
roupa, melhor. Afinal, não faria muito sentido
esconder o resultado de tantas horas passadas na
academia. Chamados de barbies (assim mesmo no
masculino), esses homens gays formam uma das
tribos mais conhecidas no universo LGBT.
“O
cara tem que ser forte, se as veias nos braços
ficarem aparecendo, melhor ainda”, diz o
publicitário Leandro Jacobini , 25, assumindo que
sua tribo gosta mesmo de cultuar os músculos. “Tem
que malhar duas horas por dia, de segunda a
sábado”, sentencia o barbie Lucas Reverte , 23,
que trabalha como modelo.
Lucas
explica que não basta ter músculos, eles
precisam ser definidos. “O sarado tem o abdômen
rasgado. O malhado é só um cara forte, mas não
tem uma definição legal. Para ser barbie, tem
que ser malhado e ser completo: abdômen, perna,
braço e costas”, analisa o modelo, rigoroso em
seus critérios.

O
termo barbie surgiu nos anos 90, numa época em
que a batida techno se popularizou nas boates e
clubes, na chamada era clubber. Aliás, a pista de
dança - onde eles adoram chacoalhar sem camisa -
é o único lugar que é páreo para a academia no
coração de um barbie.
Nas
pistas, os sons Tribal e Eletro House, além de
vertentes mais pesadas, são estilos favoritos de
música eletrônica dos barbies. Leandro conta que
as melhores casas para ouvi-las estão em São
Paulo, mas que Rio de Janeiro e Florianópolis
também têm cenas de respeito.
DJs
são celebrados como astros nesta turma. Nomes
como Paulo Pacheco, Guto Bumaruf, Bruno
Pacheco e Gra Ferreira têm seguidores fiéis, que
chegam a viajar por diferentes capitais
brasileiras para vê-los tocar.
O
fôlego de um barbie custa acabar, eles costumam
emendar uma balada na outra, e quando o dia
amanhece, a 'noite' continua. No meio, as festas,
que começam às 7h e terminam às13h, chamadas de
'afters', são disputadas. “A alternativa é ir
para casa cedo não rola”, decreta Leandro.
Barbie
fica com barbie
Tanto
Lucas quanto Leandro, admitem que na hora de se
relacionar os integrantes da tribo não costumam
se interessar por pessoas que fujam do perfil
musculoso e sarado. “É um raro um barbie pegar
um ‘frango’”, avalia o publicitário, usando
uma gíria da turma para os homens magros.
No
entanto, o próprio Lucas confessa que nem sempre
é tão rigoroso assim. “Eu gosto de ursos
também, gosto de frequentar as baladas da
comunidade ursina”, revela modelo, citando outra
tribo, a dos gordinhos e peludos . Para ele, a
preferência dos barbies pelos depilados até saiu
de moda.
Bom
observador da sua tribo, Lucas percebe, com bom
humor, outra diferença além da que separa os
depilados dos que não eliminam totalmente os
pelos corporais. “O barbie é aquele que tem o
corpo e o rosto bonito. Existe também o camarão,
que tem o corpo bom, mas não é tão bonito. Esse
a gente chama de suzie , que é uma versão
genérica da barbie”, ironiza o modelo.
Fugindo
um pouco do perfil ‘tanquinho rasgado’, o
analista de redes sociais Nicollas Rudiner , 24,
jura que frequenta as baladas da tribo por causa
do estilo de música, apesar de não negar que os
integrantes dela são atraentes. “Não tenho
músculos definidos, mas gosto das festas, o som
é muito bom. Vou para curtir com meus amigos,
pegar alguém é um acaso”.
Em São Paulo, o Ibirapuera
é uma espécie de epicentro. Os aplicativos de
encontros também são frequentados por eles,
principalmente o Hornet, que permite colocar
muitas fotos nos perfis – as imagens de barbies
sem camisa são mais do que comuns por lá.
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