'Ela
me chamou de gostoso e disse que me queria na casa
dela', contou Jonatas Galvão, que é dono de uma
loja que conserta calçados no Rio
Quem
chega para consertar o sapato em uma loja na Rua
Gonzaga Bastos, no bairro da Tijuca, na Zona Norte
do Rio, provavelmente vai dar um jeito de arrumar
outro par de calçados para ajeitar. Afinal, não
é todo dia que, ao ir a uma sapataria simples de
bairro, se dá de cara com um moreno de 1,80m com
95kg, musculoso e com tatuagens espalhadas por
todo o corpo.
Jonatas
Galvão, de 26 anos, trabalha como sapateiro há
um ano. Ele aprendeu o ofício com o pai,
sapateiro por 60 anos. Antes de seguir a
profissão paterna, o rapaz era vendedor de uma
loja de couro. Foi seu talento com as mãos que o
fizeram mudar de ramo. "Meu patrão notou que
eu tinha muita habilidade com as mãos e daí
sugeriu que eu virasse sapateiro. Foi ele quem me
ajudou a comprar a loja que tenho. Estou pagando
aos poucos a ele", conta Jonatas.
O
"sapateiro gato" - como já vem sendo
chamado pela vizinhança - conta com a ajuda de um
sobrinho para dividir com ele o serviço do
conserto dos calçados. Sua casa, onde mora
sozinho, fica longe da loja, em São João de
Meriti, na Baixada Fluminense. Mas quem se
importa? "Reconheço que sou muito assediado
por mulheres de todas as idades e até por homens.
A sorte é que sou desencanado e levo tudo numa
boa", garante o sapateiro, que foi descoberto
pelo produtor e coreógrafo Zé Reinaldo.
Zé,
que mora no bairro onde Jonatas tem a loja, foi
levar um sapato para consertar e, ao ver o
sapateiro, reconhece que ficou de queixo caído.
"Esse homem é lindo! A mulherada fica acesa!
Na mesma hora o convidei para um ensaio. O
produzi, dirigi e fizemos o ensaio", lembra
Zé. O sapateiro, que não gosta nem de posar para
fotos de aniversário, foi convencido por Reinaldo
e aceitou o desafio dos cliques.
Por
causa de seu porte atlético do jeito sério,
Jonatas garante que os homens são mais tímidos
em suas cantadas. "Acho que o meu tamanho os
amedronta. Talvez pensem que eu possa partir para
cima, sei lá", acredita. Já as mulheres...
"Quando vejo que tem aliança na mão nem
olho. A cantada mais inusitada foi de uma velhinha
de 88 anos. Ela me chamou de 'lindo e gostoso e e
disse 'queria você na minha casa! Estou inteirona!'".
No entanto, ele garante que nunca se envolveu com
nenhuma cliente: "Não misturo as
coisas."
O
sapateiro faz por onde para manter a fama de
bonitão. Além de malhar e cuidar da
alimentação, onde a carne vermelha não tem vez,
ele também vai semanalmente ao salão de beleza.
"Faço escova nos cabelos e cuido das unhas.
Sou vaidoso mesmo."
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