A
cultura do estupro, sempre combatida na marcha,
foi lembrada ainda com mais força e indignação
neste ano, diante dos crimes de estupro coletivo
denunciados recentemente em todo o país
“Nem
santa, nem puta. Mulher”. Centenas delas
saíram às ruas de Belo Horizonte no sábado, (2),
para participar da “Marcha das Vadias”,
sem medo de rótulos ou de preconceito. O nome do
movimento, estampado na faixa que puxava o grupo,
de longe chamava a atenção. Os corpos semi-nus
para expressar liberdade e cobrar respeito também
despertaram diversas reações. Enquanto elas
gritavam, com toda força, “Qual é o seu
problema com a puta que te pariu?”, um rapaz
sentado em um comércio da rua Guaicurus retrucou:
“Isso é falta de homem”. Ele quase não foi
ouvido em meio ao barulho do manifesto, mas faz
coro ao machismo arraigado que elas tanto tentam
desconstruir.
A
marcha, que ocorre em várias cidades do mundo,
incluindo Rio de Janeiro e Salvador, reuniu cerca
de 300 pessoas no centro da capital, segundo as
organizadoras. A concentração começou na praça
da Estação, onde foram feitos cartazes com
frases simples e de impacto para despertar os
menos e mais conservadores. ”Não quero ser
dama, quero ser livre”, “A nossa luta é por
respeito, mulher não é só bunda e peito”,
diziam alguns. Na foto ao lado, Cristal e Mr. Bus!
Quando
o grupo saiu em caminhada, os gritos de guerra
alcançaram quem estava no alto dos prédios e no
trânsito. A cultura do estupro, sempre combatida
na marcha, foi lembrada ainda com mais força e
indignação neste ano, diante dos crimes de
estupro coletivo denunciados recentemente no
Brasil. “Tô na rua, não te devo nada. Tô de
minissaia, não te devo nada. Tô drogada, não te
devo nada. (...) Não mereço ser estuprada (sic)”,
cantavam o mais alto que podia, com ajuda de cerca
de dez instrumentistas que formavam a bateria.
Na
mesma linha, um cartaz sugeria uma mudança de
cultura e educação: “Com mamãe feminista,
nenhum filho nasce machista”. Além de
combater a cultura do estupro, o grupo também
cobrou a legalização do aborto e defendeu
bandeiras dos gays, transsexuais, travestis e
prostitutas. Também se posicionou como um
movimento de esquerda, contra o atual governo do
presidente interino Michel Temer e de políticos
como o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).



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