Morre
George Michael, um dos ícones da música pop mundial e referência
gay
George
Michael nunca mais foi o mesmo após perder
namorado brasileiro
O cantor britânico
George Michael, conhecido por hits como "Faith" e "Freedom! '90", morreu
no domingo, 25/12, aos 53 anos. A informação foi confirmada por seu representante ao site de notícias da
BBC.
"É com grande tristeza que confirmamos que o nosso amado filho, irmão e amigo George morreu em paz em casa durante o Natal. A família pede respeito e privacidade neste momento difícil e emotivo. Não haverá mais declarações", disse.
O cantor estava em sua casa, em Oxfordshire, Inglaterra, e foi encontrado pelo namorado,
Fadi Fawaz. "Este é um Natal que eu nunca vou esquecer. Encontrar o seu parceiro morto na cama pela manhã... Eu nunca vou deixar de sentir sua
falta", escreveu no dia seguinte à morte do músico.
Segundo a revista "The Hollywood
Reporter", o empresário de longa data do cantor,
Michael Lippman, afirmou que a causa da morte foi insuficiência cardíaca. Lippman diz que foi algo inesperado e que informações sobre o funeral serão anunciadas em breve.
Foi
uma vinda ao Brasil que mudou completamente a vida
do cantor George Michael. A despeito de
toda a especulação que se possa fazer sobre seu
estado de saúde e sobre seus constantes problemas
com drogas, o coração de Michael se despedaçou
mesmo quando ele perdeu o amor de sua vida, Anselmo
Feleppa, um estilista brasileiro que ele
conheceu quando tocou no Rock in Rio de 1991.
Feleppa
morreu em 1995 vítima de Aids, e Michael nunca
mais foi o mesmo. Especialmente na música. Em
1996 ele lançava "Older", um
disco em que demonstrava maturidade musical e no
qual não se colocava como sex symbol. Acima de
tudo, um álbum triste.
A
canção de abertura,
"Jesus to a Child", foi
inspirada em Anselmo. O disco todo é dedicado a
ele. Mas "Older", apesar de sombrio, é
um dos melhores trabalhos de Michael, ficando logo
atrás de
"Faith" e "Listen
Without Prejudice". Também foi o último
álbum relevante de uma carreira que, embora não
tenha se encerrado, nunca mais teve o mesmo
brilho.
Foi nesta época que aquele ícone heterossexual
dos anos 1980 e 1990, a quem a atriz
Brooke Shields prometeu sua virgindade,
saiu do armário. Aquele 1,83m de homem espremido
em um jeans rasgado, com topete dourado, óculos
de aviador, brinco de argola com pingente de
crucifixo que todos os homens de todas as
orientações sexuais usaram, tocando violão e
dizendo
"eu quero seu sexo", era gay.
De repente, os versos da canção "Freedom! '90" fizeram todo sentido: "Acho que há algo que você devia saber / É hora de encerrar esse show / Há algo em meu íntimo, há alguém que esqueci de ser / Tire essa foto da moldura, não pense que eu vou voltar / Só quero que você entenda que muitas vezes as roupas não fazem um homem".
De repente, "Father Figure"
deixou de ser uma canção sobre uma menina que
procurava a figura paterna em seu namorado e
passou a sugerir que aquele eu lírico, na
verdade, fazia parte de uma história gay
fetichista. Tudo ficou diferente. Tudo ficou
dúbio, mas também tudo ficou claro.
Uma
vida solitária
Sair do
armário no fim dos anos 1990 ainda não era fácil,
mesmo no mundo da música. Especialmente para um
cantor que construiu sua imagem seduzindo hordas de
mulheres. E como "Older" não foi um
sucesso, facilmente os executivos das gravadoras
tiraram Michael de seu panteão de deuses.
A depressão do cantor era evidente em músicas como
"You Have Been Loved". Seu desprezo pelo
estilo de vida em Hollywood também aparecia em
"Star People". Mas o maior golpe veio quando
George resolveu "fazer sexo em público",
como sugerem os versos da canção
"Outside", lançada em 1998.
Foi naquele ano que Michael foi preso por um policial à
paisana de Beverly Hills por praticar "ato
libidinoso" em um banheiro público. Após se
declarar culpado, pagar fiança e prestar serviços
comunitários, Michael decidiu ir a público e dar sua
versão dos fatos. Disse em entrevista ao apresentador
David Letterman que foi seduzido pelo policial.
"Ele fez o jogo do 'eu mostro o meu, você me
mostra o seu e depois eu te levo preso'."
A piada ganhou proporções reais no clipe de
"Outside", no qual ele aparece vestido de
policial dentro de um banheiro público e exibindo
cenas de casais gays e heterossexuais praticando
"atos libidinosos" e sendo perseguidos pela
polícia norte-americana.
O policial que o prendeu, porém, não gostou e resolveu processar George Michael em US$ 10 milhões por calúnia, difamação e por considerar que o cantor estaria lucrando às suas custas com a música. O caso não foi concluído, mas o popstar chegou a dizer que, na época, estava deprimido pela morte da mãe e de Anselmo quando buscou sexo em público. Era uma fuga. Mas George Michael nunca conseguiu fugir de verdade.
Em 2004, veio outra canção, "Please, Send me Someone to Love (Anselmo's Song)", em que George Michael se refere ao seu grande amor e faz um triste apelo. "Querido, querido, não, não posso te substituir / Tem um buraco em meu coração, um buraco deixado por você / Me dê algo que me tire desta tristeza / Por favor, mande alguém pra eu amar."
Apesar de ter sofrido muito por Anselmo, Michael nunca
quis ser visto como uma figura digna de pena. E
continuou ter relacionamentos com outros homens.
Teve um casamento de 13 anos com o produtor musical
Kenny Goss, de quem se separou em 2009, e atualmente
estava namorando com o cabeleireiro Fadi Fawaz, que
foi quem tristemente encontrou o interprete de “Last
Christmas” morto em sua cama, na manhã de Natal.