Ivete
Sangalo, Daniela Mercury, Pabllo Vittar e outros
famosos protestaram nas redes sociais
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Uma
campanha nas redes sociais contra a decisão que
liberou nesta segunda-feira, 18, a terapia de
reversão sexual - conhecida como "cura
gay"- por psicólogos mobilizou artistas como
os cantores Anitta, Ivete Sangalo, Daniela
Mercury, Paulo Gustavo, Preta Gil, Pabllo Vittar e
Di Ferrero (vocalista do NX Zero). Usuários têm
utilizado a hashtag #TrateSeuPreconceito em
protesto à decisão. Em vídeo, Anitta pediu que
pais não obriguem seus filhos a buscar
tratamento.
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O
diretor do Conselho Federal de Psicologia, Pedro
Paulo Bicalho, afirma que a decisão judicial que
permite tratar a homossexualidade transfere o
problema da sociedade para as pessoas
Uma decisão
de um juiz da 14ª Vara do Distrito Federal
reavivou um debate que parecia superado. Em nenhum
momento o veredicto de Waldemar Cláudio de
Carvalho, proclamado na sexta-feira (15), usou
a expressão “cura gay”. Mas, na prática, o
Conselho Federal de Medicina (CFP) e militantes
LGBT afirmam que a decisão de Carvalho se
transformou em realidade no Brasil. A liminar
concedida pelo juiz a um grupo de psicólogos
determina que o Conselho reinterprete uma
resolução estabelecida pela entidade em 1999.
Ela proíbe que os profissionais ofereçam
terapias de reversão ou reorientação sexual.
Segundo a liminar, o Conselho deve reinterpretar a
resolução de modo a não impedir a
reorientação sexual. “O juiz manteve a
resolução viva, mas a transformou em letra morta”,
afirma o psicólogo Pedro Paulo Bicalho,
diretor do Conselho Federal de Psicologia. “Se
ele coloca de uma maneira muito clara que nenhum
tipo de sexualidade é desvio, mas, ao mesmo
tempo, que podemos reorientar pacientes que não
estão no campo da anormalidade, então ele
descaracteriza a resolução.”
O
argumento dos psicólogos que entraram na Justiça
é que a resolução é um ato de censura e impede
o desenvolvimento de estudos e atendimentos sobre
comportamentos e práticas homoeróticas. O
Conselho considera uma infração ética
oferecer tratamentos que não estão baseados
em evidências científicas – caso da
terapia de reorientação – e para condições
que não são reconhecidas como doença.
Desde 1990, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) retirou a homossexualidade do Código
Internacional de Doenças. O maior risco é que a
liminar, ao dar brecha para que psicólogos ofereçam
esse tipo de tratamento, permita que homossexuais
sofram pressão para se tratar. Na maior parte dos
casos, eles são encaminhados pela própria família.
Segundo
Bicalho, do CFP, a resolução nunca impediu que
psicólogos discutam com seus pacientes questões
sobre sexualidade. Mas eles não podem tentar
“reorientar” homossexuais para amenizar o
sofrimento que a sociedade inflige a eles. Seria o
equivalente, diz Bicalho, a oferecer um tratamento
para embranquecer negros para que eles não sofram
com o preconceito. “O problema é da
sociedade, não das pessoas”, afirma. “O psicólogo
precisa abordar essa orientação sexual de modo
que um dia isso não seja mais um problema a ser
tratado em um consultório de psicologia.”
Nas
redes sociais, famosos e anônimos protestaram com
fotos com as cores do arco-íris contra a decisão
do juiz
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