A
declaração ofensiva de Garcia havia sido dada
após o discurso da deputada estadual do PSOL
Erica Malunguinho, a primeira transexual eleita
para ocupar uma cadeira no Parlamento paulista
Um
dia depois de dizer que tiraria a tapa uma
transexual que estivesse num banheiro feminino, o
deputado estadual Douglas Garcia, do PSL,
assumiu ser gay durante uma sessão da Assembléia
Legislativa de São Paulo. Quem fez o anúncio em
nome de Garcia foi a deputada estadual Janaina
Paschoal, sua colega de partido.
—
Ele tomou uma decisão, e como ele está um pouco
abalado, pediu para eu fazer essa comunicação
por ele. Porque hoje, depois de 25 anos, ele
conseguiu conversar com os pais e dizer que é
homossexual — disse a parlamentar, na tribuna.
Na
sequência, emocionado, o deputado, ainda do
plenário, complementou ao microfone:
—
Não diminui em nada as bandeiras que eu venho
defendendo aqui na Assembléia Legislativa contra
a ideologia de gênero — afirmou Garcia.
A
declaração ofensiva de Garcia, parlamentar de
primeiro mandato, havia sido dada após o discurso
da deputada estadual do PSOL Erica Malunguinho,
a primeira transexual eleita para ocupar uma
cadeira no Parlamento paulista. Malunguinho havia
criticado um projeto de lei do deputado Altair
Morais (PRB-SP) que "estabelece o sexo
biológico como o único critério para
definição do gênero de competidores em partidas
esportivas oficiais no estado".
O
deputado disse que começou a receber dezenas de
ameaças nas redes sociais após o episódio com
Malunguinho, e que já vinha cogitando assumir ser
gay desde que foi eleito em outubro do ano
passado.
—
Ameaçaram levar minha orientação sexual a
público. Então eu me antecedi — disse ele, sem
se estender sobre qual tipo de ameaça estaria
sofrendo.
O
parlamentar classifica como "fake news"
as acusações de que seu discurso prega o ódio
aos transsexuais e aos homossexuais.
—
Acabaram passando uma imagem tão distorcida que
pessoas com quem eu já tinha me relacionado
começaram a procurar dar publicidade da minha
vida privada. Queriam me colocar como se eu fosse
um gay enrustido que até então estava se
segurando e, por isso, saia xingando todo mundo.
Não tem nada a ver. E sempre bati e vou continuar
batendo na militância LGBT. Continuo sendo
radicalmente contra o movimento LGBT, mas agora
com mais credibilidade ainda.
Na
sessão de quinta-feira da Assembléia, o deputado
PSL havia elogiado o projeto de Altair Morais que
estabelece o sexo biológico como o único
critério para definição do gênero de
competidores esportivos.
—
Eu gostaria aqui de parabenizar o projeto de lei
do deputado Altair Moraes. É um projeto de lei
muito eficiente. Se por acaso dentro do banheiro
uma mulher, em que a minha irmã ou a minha mãe,
estiver utilizando, e entrar um homem que se sente
mulher, ou que pode ter alegando o que ele quiser
e colocado o que quiser, porém eu não estou nem
aí, eu vou tirar primeiro no tapa e depois chamar
a polícia para ir levar.
Garcia,
de 25 anos, é vice-presidente do movimento
Direita São Paulo. Durante a campanha, disse que
gostaria de se eleger deputado estadual, entre
outros motivos, para criar um "um projeto de
lei que proíba qualquer repasse de dinheiro
público para a agenda LGBT". Em sua página
no Facebook conta ter estado na linha de frente da
organização das marchas contra a lei de
Migração, pela revogação do estatuto do
desarmamento, em defesa da família pela vida dos
policiais militares. Também se orgulha de ter
apresentado na Câmara Municipal o projeto escola
sem partido e infância sem pornografia.
Morador
de uma favela na Zona Sul da capital paulista, o
deputado se elegeu com 74.351 votos no ano
passado. Nesta sexta-feira, após assumir ser gay
em plenário, postou no Twitter que vai lutar
pela
posse de arma para combater a homofobia.
"Como meu primeiro tuíte, agora que todo
mundo sabe que eu sou gay, minha primeira medida
contra a homofobia é pedir ao nosso presidente
Jair Bolsonaro facilitar o porte de armas de
fogo."
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