Profissionais
do sexo estão desesperados com o sumiço dos clientes na pandemia
do coronavírus
Maioria
está recorrendo à web com queda de até 80% na
clientela por quarentena
Profissionais
do sexo estão recorrendo à internet para "compensar"
a queda no movimento durante a quarentena para
conter o avanço do novo coronavírus. Shows ao
vivo, vídeos ou pacotes de fotos eróticas ajudam
a manter a renda e, claro, saciar a luxúria de um
público isolado por medo da Covid-19.
Entre
as acompanhantes que seguem oferecendo seus
serviços na crise, algumas relatam queda de
até 80% na clientela. Há, no entanto, quem
opte por se resguardar e evitar o contato tão
próximo com medo da doença.
Entre
as que migraram do mercado do sexo real para o
virtual está Beatriz, uma jovem de 20 anos que se
diz "novata no ramo" e que viu
uma oportunidade em um momento que muito setores
estão fechando portas. "Com a crise do
coronavírus, tive a certeza de que a pornografia
digital iria aumentar muito", diz.
A
acompanhante relata que com a nova atividade,
precisa entre três a quatro videochamadas de
10 minutos cada para obter o mesmo valor que
receberia em um programa de uma hora: cerca de
R$ 150. "Isso fora o mercado de
camgirls", conta.
Segundo
a jovem, o efeito Covid-19 pode ter mudado os
rumos da carreira no mundo da prostituição, e
já pensa em focar mais nos atendimentos virtuais
do que reais no futuro.
Entre
os serviços oferecidos na internet estão pacotes
de fotos e vídeos, além das videochamadas.
"Tem muitas garotas que fazem pacotes de
vídeos ou fotos de sexo explícito, tem alguns de
nudes, como o pessoal costuma chamar, além de
muito fetichismo", explica.
Travesti
fez desabafo na Internet
Entre
as travestis e garotos de programa a situação é
a mesma e muitos tão tentando ganhar dinheiro com
a videochamadas que custam em média R$ 100 Reias.
Em
um depoimento feito por uma travesti, ela relata o
drama vivido por elas e disse que acabou o mercado
e que quem paga diária vai ter que voltar para a
casa da mamãe para não passar fome.
Foco
no virtual
Uma
acompanhante de 33 anos, que anuncia seus
serviços em um site de garotas de programa de
luxo, conta que assim como Beatriz, vê potencial
nos atendimentos virtuais. "Estou pesquisando
sobre vender vídeos fora do Brasil", conta.
Há cinco anos no mercado do sexo, realidade que
escolheu após ser demitida do antigo emprego, ela
conta que não realizou nenhum atendimento
presencial na primeira semana da quarentena, mas
que alguns clientes já voltaram nesta semana.
"Eu
fazia uns dois, às vezes três programas por dia.
Na primeira semana não fiz nenhum. Agora deu uma
melhorada, cliente uma vez por dia",
relata.
Por
telefone, ela conta que cobra R$ 300 a hora por
seus serviços - "um valor convencional", diz -, e que consegue arrecadar o
mesmo com três vídeos por aplicativo de
mensagens.
Queda
de 80%
O
isolamento social da população pegou em cheio
parte da clientela de uma acompanhante de 30 anos,
que anuncia em sites de garotas de luxo.
Ela
conta que teve uma queda de 80% no movimento nas
duas primeiras semanas de quarentena. Sobre os 20%
restantes, diz que são os mais corajosos ou menos
preocupados em tempos de coronavírus.
"Ainda
tem os jovens, aqueles que não estão no grupo de
risco, não são casados e nem moram com
idosos", ressalta.
Ela
conta que também costuma cobrar R$ 300 a hora por
programa presencial, e que consegue o mesmo valor
com dois shows no mundo virtual.
Sem
atender
Uma
acompanhante de 29 anos disse que optou por deixar
os atendimentos de lado durante a pandemia. E olha
que ela está em "isolamento duplo".
Como trabalha no que chama de "emprego
convencional", já estava em casa por conta
do comércio estar fechado.
"Estou
sem trabalhar, não pode haver contato. Não está
sendo bom", completa.